A música litúrgica na Igreja da época romano-franca e romano-germânica
No que diz respeito ao canto litúrgico, o período que vai de Gregório Magno (+604) até Gregório VII (+1085) é período de complicadíssimas elaborações musicais. Gregório Magno dá toda a importância às “scholae cantorun”: estas se situam entre o presbitério e o povo (=ponte entre os fiéis e o sacerdote).
Tal situação da Igreja romana suscita admiração e imitação em toda a Igreja do século V ao VIII. A Igreja de Roma conheceu seu período de maior riqueza, de amadurecimento das formas expressivas, sua “época clássica”. Como conseqüência, se dá o processo de romanização das antigas liturgias locais.
É importante frisar que, nesse período:
• O canto litúrgico se toma especialidade de clérigos e monges;
• O Canto Gregoriano expande-se silenciando outras “vozes” (com exceção do canto ambrosiano);
• Com isso, não se quer desmerecer o valor intrínseco e inestimável do canto gregoriano. De fato, trata-se de acervo artístico e espiritual de imenso valor, que não pode ser desperdiçado, mas que, por suas características peculiares, não poderia ser proposto incondicionalmente ao conjunto das comunidades cristãs hoje em dia.
A música litúrgica na época que vai de Gregório VII (+1085) ao Concílio de Trento (1545)
Surge o previsível: a liturgia vai entrando em crise cada vez mais grave e prolongada vasta documentação assinala a celebração em decadência, realizada mais por dever do que por vocação eclesial; mais pelo repertório a ser executado do que por inspiração; mais pela burocracia do culto do que pela ação coral do povo; mais pela dramaturgia do que pelo mistério participado...
Depois do gregoriano, surge a polifonia. Esta privilegia a arte refinada na mistura dos timbres e harmonias, no jogo rítmico, na colaboração de profissionais da composição para diversas vozes, tornando as músicas mais estéticas do que litúrgicas. Embora tenham surgido obras primas da época alguns cronistas tradicionais classificavam algumas execuções como intoleráveis.
A música litúrgica do Concílio de Trento ao século XIX
Após o Concílio de Trento, surge o período artístico do Barroco: o sentimento de segurança nas declarações da Igreja romana dá a sensação de se pisar em solo firme, depois da crise protestante.
Não podemos negar o “casamento” da música barroca com a liturgia, nem suas coerências com a concepção de uma ordem monárquica hierárquica exemplar: Deus, os chefes, os reis, o clero, o povo.., assim, nas igrejas, chefe do coro e organista poderão e deverão pontificar, mais do que o presidente da celebração. O órgão será o rei dos instrumentos (expressão sonora dos atributos de Deus (onipotência, onisciência e onipresença) e até concorrente do altar. A linguagem melódica terá tal eloquência, que tornará acessível ao povo a própria língua latina, o jogo alternativo, o contraste do timbre, o tecido feito de contrapontos, estarão em condições de expressar, mais do que um pregador, o sentido da festa!
Mas já no século XVIII, sentia-se na Igreja um desejo de maior participação comunitária, de mais simplicidade.
A música litúrgica em pleno Movimento Litúrgico
O século XIX foi bastante marcado pela oposição contra a música profana e o estilo teatral, oriundos do barroco. Surge então, em Solesmes, a reforma da música sacra como um dos objetivos prioritários deste século. Era o Movimento Litúrgico. Um retomo às fontes e retomada do fervor litúrgico, que veio desaguar, um século mais adiante, no Concílio Vaticano II.
Caminhando de mãos dadas juntamente com o Movimento Bíblico e o Movimento Ecumênico, sob o impulso das inovadoras e preciosas diretrizes do Papa Pio XII em suas encíclicas “Mediator Dei” (1947) e “Musicae Sacrae” (1955), e das reformas que “implementou em vista de favorecer a participação ativa e consciente” do povo na liturgia: uma antecipação do Vaticano II.
1 comentários:
Senhor Padre, como li sobre o canto gregoriano neste blog, convido-o a conhecer a página do Coral Gregoriano de Belo Horizonte: www.gregoriano.org.br com muitas músicas, vídeos e partituras.
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