Partimos do pressuposto de que um fiel vai às celebrações em sua comunidade. Lá, além dele, participar, ainda que calado, da própria celebração, ele “assiste” àquilo que outros, de acordo com suas funções na comunidade, prepararam bem ou mal. Sendo assim, está formada a situação-problema muito comum em nossas comunidades, desde a menor até a maior e mais rica, desde a menos até a mais evoluída.
O que acontece, em geral, é que muitos vão à igreja para ver algo bonito, atraente, que pode até “tocar no íntimo” da pessoa e nada mais. Muitas vezes, há exageros de todo tipo e não há um culpado. Os responsáveis pela comunidade e pelo canto têm pouca formação litúrgica e musical. O povo, querendo satisfazer seu hedonismo, se esquece de todo o contexto em que a própria liturgia está inserida. Infelizmente, a celebração litúrgica tornou-se o lugar do espetáculo, muitas vezes barulhento e pobre teologicamente.
Qual seria então a causa de tal problema? Primeiro, a dificuldade na escolha de cantos adequados, pois, além do repertório, embora vasto, ser pouco conhecido, há pouca formação musical. Em segundo lugar, a preparação dos cantos às vezes fica prejudicada pela pressa e descompromisso. Há também o problema da escolha de cantos inadequados, cujo conteúdo, letra e ritmo não condizem com as celebrações. Por fim – e mais grave – há o problema do narcisismo. Na celebração há lugar para todos. Não é o espaço para que um apareça mais que outro, mas sim de todos assumirem seu papel ministerial.
Como pano de fundo, percebemos que o maior dos problemas está na falta de preparo. A formação e a dedicação são fundamentais na vida do músico e do cantor litúrgico. A assembléia que participar da ação litúrgica rica e bem preparada assimilará o seu conteúdo e compreenderá o mistério celebrado e sua beleza.
Nos últimos anos, temos assistido à cópia de um modelo gospel de música litúrgica. Trata-se de um estilo de música de origem protestante belo e com características peculiares que prezam pela espontaneidade do cantor e da assembléia. Dependendo do texto, alguma dessas músicas pode até caber em algum momento celebrativo. Porém, não é um canto da Igreja. Pode ser cantado entre nós católicos em eventos e shows de evangelização, mas quase nunca pode ser na liturgia.
Depois do Concílio Vaticano II houve uma flexibilização quanto ao canto e aos instrumentos na Igreja. Podemos hoje assimilar o que há de melhor na cultura musical do nosso povo. Podemos utilizar os recursos instrumentais sem medo de profanar a sagrada liturgia.
Para que desempenhemos bem o ministério da música na Igreja, um resgate histórico contribui muito com nosso trabalho. E a formação litúrgica e musical é imprescindível. (SC 115) desta forma, o povo de Deus pode externar de modo sublime o que é ser Igreja, celebrando e cantando, pois a música e a ação litúrgica estão de tal modo interligadas ao ponto de não haver serva da liturgia e sim elementos fundamentais de todo o mistério celebrado.
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