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sábado, 24 de abril de 2010

E o Papa chorou

"Quando Nietsche chorou"... é o título de um romance recente que tenta levar o leitor a mergulhar nas profundezas da alma de um filósofo que parecia insensível, mas que na realidade apenas tinha uma maneira diferente de sentir. Nestes dias em que a Igreja está sofrendo com os escândalos provocados por sacerdotes que assumiram um comportamento vergonhoso, muitos olham para o Papa Bento XVI, tentando desvendar o que se esconde por trás de seu rosto aparentemente frio. E certamente há mesmo aqueles que, de alguma forma, se alegram com o olhar cansado do Papa, pois são incapazes de deixar de ver nele o que julgavam ser o olhar duro do Cardeal Ratzinger.

Quando Nietsche chorou, ele abriu seu coração, e revelou-se um ser humano como outro qualquer, sujeito a dores e sofrimentos. Por isso mesmo, um ser extremamente sensível, apenas que sua sensibilidade era recatada. Pelo que foi noticiado há dias, Bento XVI chorou. E com certeza esta não foi a única vez que lágrimas furtivas brotaram de seus olhos. É que, segundo o testemunho de quem o conhece mais de perto, ele sempre foi extremamente sensível para com as pessoas, amigo da música e das artes, além de um filósofo e teólogo que vem marcando o pensamento cristão há décadas.

Quando se fica num plano mais imediato não é preciso dizer o porquê das lágrimas de Bento XVI, pois uma certa mídia já se encarregou de explorar, de maneira impiedosa, não só o comportamento daqueles sacerdotes, mas o comportamento do próprio Papa. Com isto até mesmo quem não nutre grande entusiasmo por sua maneira de ser não pode deixar de encontrar a razão de suas lágrimas e nem pode deixar de pressupor que sua cruz se tornou ainda mais pesada.

E no entanto, a razão mais profunda das lágrimas do Papa só serão devidamente compreendidas quando se recorda uma cena vivida por Jesus, quando, no alto do Monte das Oliveiras, chorou sobre Jerusalém. Chorou sobre aquela cidade que deveria brilhar como a luz do sol por abrigar o Templo de Deus, e que no entanto foi obscurecida por pequenos mas expressivos grupos que traíram a missão que Deus reservara ao Povo de Israel. As lágrimas de Jesus eram de decepção, e particularmente de compaixão.

Com certeza, Jesus era um homem sensível. Para constatar isto basta trazer à mente certas cenas nas quais se vê Jesus decantando a beleza dos lírios dos campos e do chilrear das aves do céu. Num nível mais profundo a sensibilidade de Jesus se manifesta no amor que nutria pelos que o seguiam, homens e mulheres, crianças e adultos, santos e pecadores, ricos e pobres. Talvez seja até por isso que escolheu Judas para ser um dos doze apóstolos, pois olhava a todos com os olhos de Deus e confiava na força misericordiosa do Pai e na consequente possibilidade de regeneração até dos maiores pecadores.

Num nível mais profundo ainda, Jesus não sentiu nenhum constrangimento em tomar as crianças no colo e proclamar que delas é o Reino dos céus. Entretanto, a maior expressão da sensibilidade de Jesus foi certamente aquela de condenar, com veemência, o pecado, mas procurar o resgate do pecador: "vai e não peques mais". Ele proclama várias vezes não ter vindo para os justos, mas para os pecadores; não veio para os saudáveis, mas para os doentes.

Ora, é à luz desta atitude de Jesus que se compreendem as lágrimas do Papa. Como qualquer homem, sobretudo com uma função tão especial dentro da Igreja, ele certamente teve vontade de pegar um chicote e expulsar os vendilhões do templo. E no entanto, ao mesmo tempo lá no fundo do seu coração, com certeza brotava outro sentimento: o de proceder como Jesus, sobretudo quando pendurado no alto da cruz, perdoando até o ladrão que pendia a seu lado. Bastou que este ladrão mostrasse seu arrependimento para ouvir aquelas palavras que jamais podem ser esquecidas: "ainda hoje estarás comigo no paraíso".

Essas considerações nada tem a ver com uma tentativa inútil de justificar o que é injustificável. Repetidas vezes a Igreja condenou a pedofilia como crime e como pecado, crime e pecado tanto mais graves quando cometidos pelos que deveriam ser exemplo de fidelidade aos mandamentos de Deus. E repetidas vezes a mesma Igreja deixou claro que, uma vez comprovada a culpa, os acusados seriam devidamente punidos e as vítimas socorridas. E com certeza é isto que acontecerá.

Mas onde estariam então as razões das lágrimas do Papa? Não deve ter sido muito comum ao longo da história da Igreja ver um Papa chorar. Uma das razões aponta para a vergonha que todas as pessoas da Igreja sentem diante de fatos similares. Outra razão aponta para a tentativa de, a partir de fatos lamentáveis, se tentar macular toda a Igreja de Cristo, e com isso soltar uma espécie de “grito de independência” ou de “liberação geral” de todos os valores evangélicos.

E no entanto, sem medo de errar, parece que a razão mais profunda das lágrimas do papa radicam num conflito doloroso que se estabelece quando se tenta unir justiça e misericórdia. Decepcionado como todo mundo, indignado como todo mundo, um Papa não pode simplesmente compartilhar de uma certa histeria que se apoderou de alguns setores da sociedade. Afinal, não apenas esses crimes e estes pecados infelizmente atingem milhões de pessoas afetivamente desestruturadas, como também não são os únicos crimes e pecados que bradam aos céus. Eles apenas são mais chocantes.

Finalmente e felizmente, as lágrimas do Papa não são o capítulo final da história. No caso de Jesus, que não só chorou, como também teve seu corpo marcado pelo suor e pelo sangue, o capítulo final aconteceu na manhã de Páscoa, quando Deus interveio e o ressuscitou dos mortos. A sexta feira santa nunca é o capítulo final. O capítulo final é sempre o da Ressurreição.

Quanto maior a queda, tanto mais propícia a oportunidade de se revelar a pedagogia divina: O mesmo Deus que derruba os poderosos de seus tronos, revela sua força na fraqueza humana. E Ele certamente vai indicar o caminho para que volte a brilhar a luz pascal no rosto hoje manchado de lama da Igreja porque um certo número de seus filhos mergulhou nela.


Dr. Frei Antônio Moser

do site cancaonova.com


terça-feira, 6 de abril de 2010

Vida nova em Cristo

Um dia, Maria Madalena teve coragem de se aproximar de Cristo para ouvi-Lo de perto, dessa forma, experimentou todo o amor e a misericórdia de Deus. Jesus não a reprovou, por isso, ela pôde sentir Sua misericórdia e vislumbrar a possibilidade de ser diferente. Deixou tudo para trás porque viu que Ele era o Messias anunciado pelos profetas desde Moisés.

Você também tem essa chance. O seu coração sempre buscou isso, mesmo na vida errada que andava vivendo, desde as coisas do sexo às da mentira, falsidade, orgulho, vaidade, corrupção, entre outras. Você tem agora a oportunidade de deixar tudo isso e buscar a vida nova em Cristo! Hoje o Senhor está lhe dando a graça de romper com a mediocridade.

Hoje, Jesus Cristo ressuscitou você em primeiro lugar e lhe deu uma vida nova. Agora é o dia da salvação para você! Hoje é o dia favorável. Decida-se! E a decisão é só sua, ninguém pode decidir por você.

"Viva Jesus, que não deixa de consolar quem n'Ele confia e espera!" (Padre Pio de Pietrelcina)


Monsenhor Jonas Abib (do site cancaonova.com)


quinta-feira, 1 de abril de 2010

Tríduo Pascal

O cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.
Com as celebrações desta quinta feira santa, damos abertura ao Tríduo Pascal, onde celebramos o ápice da nossa liturgia e nossa fé cristã.
São celebrações diferentes daquelas que estamos costumados a participar. Ao mesmo tempo simples e belas. Ao mesmo tempo tristes e alegres. Cheias de significado. Celebramos a entrega de Jesus por nós. Contemplamos, pela sua cruz, a ressurreição.
Este chamado Tríduo Pascal começa com a quinta feira da instituição da eucaristia e do sacerdócio, passa pela sexta feira da tristeza e da morte, no sábado, dia do silêncio e da oração à espera do Cristo que ressuscitará no domingo. E é no sábado à noite que celebramos a solene vigília da Páscoa, a noite batismal, onde renascemos com Cristo para uma vida nova.
Que este seja um momento para vivenciarmos profundamente a nossa fé. Participemos então com entusiasmo e piedade! Jesus que morre por nós ressuscita glorioso nos dando vida nova e salvação.



Pedagogia litúrgica - mês de abril de 2011

Abril pode ser definido como o grande “mês pascal” da Liturgia. Na realidade todos os meses celebram o dom da Páscoa, mas este se faz mais evidente, porque nele torna-se palpável a passagem da vida divina em nossas celebrações e em nossas vidas. É assim com Jesus passando e iluminando nossas cegueiras (4DQ), é assim com Jesus derrotando a morte em Lázaro para que faça sua Páscoa, saindo da morte para voltar a viver (5DQ).

Esta característica pascal se manifesta na alegria da “Dominica laetare”, que exulta de alegria pela proximidade da Páscoa de Jesus Cristo (4DQ). Exultação de alegria manifestada na simbologia da luz de Jesus Cristo, capaz de iluminar a escuridão de olhos cegos para se viver na verdade do Evangelho, correspondendo à vocação cristã de se deixar iluminar pelo Evangelho. A cura do cego nato demonstra como Jesus ilumina a vida do batizado e promove nele a graça de participar da nova criação, propondo-lhe um novo estilo de viver (4DQ), revestindo-nos com a veste da vida divina, oferecida pelo próprio Jesus Cristo, para não compactuarmos com a cultura da morte, mas sempre com a promoção da vida (5DQ). O cristão não é um monte de ossos ressequidos, pois seu corpo é morada do Espírito de Deus, quer dizer, do Espírito que enche a vida humana com a vida divina. O cristão que se faz discípulo de Jesus não vive em sepulturas, mas na festa da vida (5DQ).

Diante da Cruz

Um bom modo de viver a Semana Santa é colocar-nos diante da Cruz de Jesus Cristo. No momento da crucifixão, três grupos de pessoas passaram diante da Cruz: aquele povão, que buscava um pop-star, mas se decepcionou quando o viu fazendo a vontade do Pai, os intelectuais com uma cultura incapaz de compreender a lógica divina, e os malfeitores, que foram crucificados com Jesus, um de cada lado. Em qual destes grupos você se identificaria, hoje. A resposta só pode ser dada depois de refletir profundamente como você vive a vida cristã, se próximo ou distante de Deus. Mas, existem outros convites para se entrar bem na Semana Santa. Jesus, por exemplo, passou aquela Semana marcada pelo sofrimento fortalecendo-se na certeza que voltava ao Pai. É com este espírito que ensina o caminho através do serviço, pelo gesto do lava-pés. Um gesto de serviço, que não nos deixa desanimar diante da visão da Cruz. Mesmo assim, é preciso reconhecer que perguntas e questionamentos jamais cessaram (nem cessarão) diante do sofrimento; de todas as formas de sofrimento. De algum modo, todos beberemos (alguns irmãos e irmãs bebem) deste cálice tão amargo para a humanidade. Diante desta Cálice, que Jesus pede para ser afastado, é possível presenciar em Jesus a sede de fazer a vontade do Pai. O cálice da vontade do Pai é mais importante que o medo do cálice do sofrimento e da morte. O Pai reconhece o amor de Jesus, aceita seu sacrifício e o livra da morte, ressuscitando-o.

Diante da Ressurreição

A força da Páscoa não se esconde somente no fato histórico, acontecido em Jesus Cristo. Mais que uma realidade histórica, é também uma realidade que aconteceu na vida de Jesus Cristo: ele morreu e o Pai o ressuscitou. É também uma realidade que se atualiza em nossos dias, nos sacramentos celebrados na Igreja, através do testemunho vivo dos discípulos de Jesus, na promoção da vida onde a humanidade (de hoje) esquece ou tenta afastar Deus da sua história.

A Ressurreição de Jesus traz uma realidade nova para o mundo: nós podemos participar da vida divina, porque pela Ressurreição de Jesus o mundo de Deus entrou definitivamente no mundo humano. O modo como participamos da vida divina é semelhante ao fermento que leveda a massa do pão: é uma experiência interior, que faz crescer o amor e a fé dentro de quem se torna discípulo amado de Jesus. Este não exige muitas provas porque é capaz de ler na simplicidade dos sinais a passagem divina.

Formação Litúrgica

Ministério de Leitores

A Liturgia da Palavra é uma celebração. É necessário, pois, que se note que celebramos a Palavra, como depois celebramos a Eucaristia.

Assim, não é nem um momento de leituras atropeladas que se colocam antes da homilia e da celebração eucarística; nem uma reunião de instrução ou de discussão que, depois, concluirá com os ritos eucarísticos (que ficarão, assim, desvalorizados, porque não são tão "instrutivos").

O serviço do leitor é muito importante dentro da assembléia. Os que o realizam devem estar conscientes disso e viver a alegria e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de ser os que tornarão possível que a assembléia receba e celebre aquela Palavra com a qual Deus fala aos seus fiéis, aqueles textos que são como que textos constituintes da fé.

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